quinta-feira, outubro 12, 2006

Antonio Jiménez Torrecillas, mais um maldito



Antonio Jiménez Torrecillas es profesor de proyectos en la Escuela de Arquitectura de Granada y ha sido profesor invitado en diferentes universidades. Su obra ha sido premiada en las cuatro ediciones convocadas para las Nominaciones de Arquitectura de Granada (1990-2005). En la actualidad, y en relación a intervenciones en contextos históricos, desarrolla el proyecto de intervención en las colinas del Albaicín y el Sacromonte, y en el campo de la museología, el Museo de Bellas Artes en el Palacio de Carlos V, también de Granada.






Lá como cá, pessoas que convivem sem inquietação com os maiores desmandos urbanos sobressaltam-se intempestivamente perante uma intervenção inteligente, sensível, escrupulosa. Por assumir a sua natural contemporaneidade, adivinha-se. Agravadamente por se tratar da descoberta de um elo consistente entre o passado e o presente, que é aquilo por que mais anseiam as cidades históricas...


.


.


Antonio.Jiménez Torrecillas desenhou para Granada um troço da muralha Nazarí (no cerro de San Miguel) que desabara no século XIX em consequência de um episódio sísmico. Fê-lo com uma seriedade minuciosa e perspicaz. Propôs uma construção linear, paralela, exterior, em placas de granito sobrepostas imperfeitamente. Descontinuidades sábias formam orifícios sistemáticos que aligeiram de forma subtil a construção assegurando visibilidade a quem circule no seu interior. Quanto mais afastado está o observador maior a sensação de continuidade não mimética, mas perfeita. Quanto mais nos aproximamos mais difusa, mais translúcida, menos intransponível.


.



.

.
Por isso as pessoas se indignam. O convívio intenso do presente com o passado é assustador. Como o é a contaminação entre culturas. E, nesta conformidade, a mesma entidade que promovera o projecto decidiu, perante as várias contestações a sua "desmontagem", eufemismo para demolição facilitado, curiosamente, pela funda correcção da atitude do arquitecto, preocupado em não comprometer o futuro. Decisão não concretizada. Ad aeternum, espera-se.


[PROJECTO APRESENTADO NA CONFERÊNCIA "SHARING ARCHITECTURE CULTURES ACROSS MAGHREB AND INDIA" ÉVORA 6-8OUT06]

terça-feira, outubro 10, 2006

Casa Sidarus, arquitectura de mestiçagem...

Iniciada em 1976, com a elaboração do projecto, a casa Sidarus constitui um quase paradigma da partilha de cultura arquitectónica proposta para esta conferência. Os proprietários, um casal constituído por uma portuguesa e um Egípcio evoluídos, regressados de experiências vividas no estrangeiro (Itália, França e Alemanha) após o 25 de Abril de 74, pretendiam construir em Évora habitação própria. Esta deveria, naturalmente, corresponder às suas expectativas de actualidade e, ainda, integrar elementos da cultura árabe presentes na tradição construtiva do Alentejo, consubstanciando, deste modo, o essencial do legado presente na actividade de Adel Sidarus, então professor de cultura árabe nesta universidade.
[RESUMO DA INTERVENÇÃO NA CONFERÊNCIA "SHARING ARCHITECTURE CULTURES ACROSS MAGHREB AND INDIA" ÉVORA 6-8OUT06]

























Initiated in 1976 with the elaboration of the project, the Sidarus house almost constitutes a paradigm of “sharing architecture cultures” which is the proposed theme of this conference. The owners, an educated couple of Portuguese wife and Egyptian husband, having lived for several years abroad (Italy, France and Germany), came to live in Portugal after the 25th of April 74 and intended to build in Évora a home of their own. This one should, of course, correspond to their expectations of actuality and, still, integrate elements of the Arab culture present in the building tradition of Alentejo, thus giving substance to the essential of the legacy which is present in Adel Sidarus’s activity, who was at that time professor of Arab culture in this university.
[SUMMARY OF THE PAPER PRESENTED AT "SHARING ARCHITECTURE CULTURES ACROSS MAGHREB AND INDIA" ÉVORA 6-8OUT06]

segunda-feira, outubro 09, 2006

O vidrinho e a elefanta

Não apago nada, por enquanto. Quando acontecerem coisas que me mereçam censura, censurá-las-ei com a mesma serena convicção com que faço tudo menos fretes. Como digo no blogue, sou apóstata e, em consequência, perdi o derradeiro refúgio - deus. Blogo porque existo e quero fazê-lo no plural.

Não sou nenhuma instituição nem democrática nem caritativa. Mas aprecio a crítica, a mordacidade (não confundir com “amordacidade”), a inteligência e mais uma quantidade de coisas que seria ocioso pretender enumerar. A intenção foi e é ter Gente a participar comigo nesta aventura contemporânea que é este imenso jornal global. Discutir é-me tão fundamental como respirar. Toda a vida o fiz e quero continuar.

Sou é pouco versado na técnica necessária,.Tão pouco que já lancei um apelo no blogue a mendigar ajuda. O que vêem é o resultado calamitoso de uma brutal teimosia. Confesso que estranhei a falta de comentários. Não tenho amigos amorfos e estamos habituados a esgrimir opiniões. Uma mensagem de uma amiga indecisa entre mágoa e fleuma:

“coloquei um comment no teu blog, mas apagaste...censurado??? sem sentido de
humor? ou persistindo no totalitarismo que te caracteriza, mascarado por uma
tolerância que não convence, e uma raivazinha contida de quem está deveras
enfartado clinica e humanamente?
estava a brincar contigo sobre o blog. aliás gostei da estética, não tive
tempo para ver a prosa, mas nisso sou deveras exigente, e como tu és um
vidrinho...”

decidiu-me. Fui investigar e…

De facto! Parece-me que estava mal configurado. Aceitei as opções originais e creio que apenas os autores (eu) poderiam comentar (o que me situa abaixo do nível democrático de Mussolini). Enfim, já seleccionei a opção correspondente a “toda a gente”. Portanto minhas línguas de prata toca a comentar (e, se não funcionar façam como esta amiga, e-mailem-me insultos carregados de mimo) .

terça-feira, outubro 03, 2006

Évora, Arquitectura, Magreb, India e tudo





















AUDITÓRIO C.E.S., UNIVERSIDADE DE ÉVORA
SEXTA-FEIRA 6 + SÁBADO[MANHÃ] 7 DE OUTUBRO

segunda-feira, outubro 02, 2006

A águia admirada

A Vitória ficou hoje um pouco intrigada. “Não há fome que não dê em fartura” ou “quando a esmola é grande o pobre desconfia”. Seja por solidariedade avícola, seja por que razão for, pediu ao Quim que abrisse a capoeira… E, pelo sim pelo não, deu em limar as garras.

Exageros! [a propósito do Loose Change]

Confesso que estranho a insistência quase paranóica de JPP sobre a passagem na RTP e em horário nobre do Loose Change. Concordo basicamente com toda a sua argumentação. Mas a intransigente, obsessiva e exaustiva repetição do tema, afigura-se-me injustificada.

Oportunismo, incompetência, desleixo e mesmo uma pontinha de sensacionalismo são o pão-nosso de cada dia, no actual universo televisivo. Mas, que diabos, a Rtp está longe de acoitar um anti americanismo primário!

A uma estatura intelectual como a de Pacheco Pereira, calharia melhor um distanciamento crítico mais próximo da busca da imparcialidade possível. Sobretudo por ser tão assumida e cristalinamente pública a sua inclinação americana.

E, já agora, por envolver circunstâncias em que, como sempre, aliás, os eternos conspirativos se limitam a multiplicar e desproporcionar aspectos realmente pouco plausíveis dos factos em causa.

Suponho que a inteligência de JPP também se intrigue com a estranha inconsistência das marcas (ou da falta delas) na fachada do pentágono, no local adjacente ao ponto do impacto e que deveriam corresponder ao embate das asas da enorme aeronave.

Um Boeing 757 tem 38 metros de envergadura! Mesmo algo distantes dos 47 metros dos 767 utilizados no WTC, a velocidades presumivelmente semelhantes, estes deceparam, perante os nossos olhos horrorizados, os espessos e numerosos pilares de aço das torres gémeas como se fossem manteiga, ao passo que, aquele, nem os caixilhos das janelas em que teria de ter batido quebrou…

Isto e mais o relvado incólume e o número e dimensões dos destroços e tantas outras inegáveis interrogações permitem distinguir o ataque ao pentágono dos outros atentados desse dia.

E se outras tantas perplexidades resultam da admissão destas hipóteses, [que aconteceu ao 757 do voo 77, passageiros e etc.] isso só por si não deve, não pode impedir-nos de exigir explicações mais convincentes. Nem a ameaça de anti americanismo básico constitui mordaça de dignidade aceitável.